domingo, 18 de outubro de 2015

Primeiro Encontro


Sabe, acho tão masculino isso que vocês fazem, de torcer o tronco e segurar atrás banco enquanto manobram.
Oremos para que nosso herói não desça do carro aos pulinhos.
É nosso dever e nossa salvação.


No compasso


Ali do fundo do ônibus parado eu via todos entrando. Vi a ordem como alguns operários se distribuíram, cada um num respectivo assento no corredor, nunca aos pares.

Teorizar foi inútil, estavam dispostos desta forma porque assim era mais fácil pra conversar. Mas só percebi o obvio quando o ônibus acelerou.

Com trânsito livre, o motorista seguiu embalado até avistarmos um rapaz que, dada a distância que estava do ponto, não chegaria a tempo.

Ele teve a mesma impressão, grudou os livros que carregava e desandou a correr. Sua aflição atraiu a atenção de todos, num típico misto de curiosidade e sadismo. Ele era esforçado, e mesmo que ainda atônito, foi bem rápido pela rua até perto do ponto. Este estava vazio de modo que o motorista pode soltar o pé e ir parando um pouco antes.

Ao perceber o êxito, o rapaz mudou de semblante, não chegou a ser arrogância nem prepotência, parecia só alivio mesmo. Mas destino não distingue suas vitimas, e na subida do meio fio seu pé escapou. Caiu de cara nos livros.

Entrou meio afobado no ônibus, acenou com a cabeça para o motorista dando sinais de estar bem. Os operários sem calaram.  Ficou ali na frente com um ar vitimado ajeitando os livros e dando sopros, ridículos quando vindos de lábios barbados, no antebraço ralado.

No dia seguinte, de dentro do ônibus embalado vimos o estudante com um curativo no braço, novamente atrasado e um pouco longe do ponto. Ele não correu. 



Isotropia


Quando revela-se assim, igualmente deliciosa em toda sua superfície, por onde começo a te beijar?


Olé


Julgou o certo por errado. Sorte que era do contra.


A ironia da gala (Madrinhas)


Dispende um tempo monumental produzindo-se. Supõe estar bonita, até ver as outras.



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Haikai - Campo


Manhã do outono
Mãos frias na vaca quente
Um boi com sono


Haikai - Réveillon


Ne me quitte pas
Flor na espuma branca
Para Iemanjá



Revertédio


Mudou-se de casa, cidade, estado. Novas flores no canteiro, novas fragrâncias no banheiro, mesmo rosto no espelho.


Primeiro Amor, Primeira Dor


- Betinho, não precisa fechar os olhos no bebedouro, você não está beijando não hahaha